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Se você quer ser dev, a IA não é o problema

O ano de 2025 trouxe grandes mudanças para quem trabalha com tecnologia. Muitas ferramentas surgiram e, mais uma vez, nós tivemos que nos adaptar. Recentemente, conversando com um amigo interessado em ingressar na área, ele demonstrou uma certa preocupação por conta da inteligência artificial — e isso me fez refletir bastante sobre o assunto.

Hoje, se pesquisarmos na internet sobre o futuro da programação, encontramos inúmeros conteúdos questionando a continuidade da profissão. Já vi muitos falando sobre o “fim da programação” ou dizendo que programadores não são mais necessários para garantir o funcionamento de um negócio. Esse tipo de discurso gera insegurança até mesmo em quem já atua na área há algum tempo.

Sou programador há cerca de 10 anos e, talvez, esta seja a maior transformação que vi desde que comecei. Diante disso, muita gente tem se perguntado se a profissão de desenvolvedor ainda tem futuro. Minha resposta é direta: sim, você deve iniciar na área de programação.

Isso porque o trabalho de um dev vai muito além de escrever código. Muitas pessoas ainda nos enxergam apenas como “digitadores de código”, mas essa visão é bastante limitada. Nosso papel principal é resolver problemas, pensar em soluções, analisar riscos e tomar decisões técnicas.

Arrisco dizer que escrever código representa, em média, apenas 20% da nossa rotina.

A inteligência artificial é, sem dúvida, uma excelente ferramenta. No dia a dia, ela acelera tarefas, otimiza processos e nos ajuda a ganhar produtividade. Porém, dar total autonomia à IA para tomar decisões críticas de um projeto — na minha opinião — não é uma escolha sábia.

Hoje, já é possível criar sistemas sem entender completamente como tudo funciona por trás. O problema é que quase todo projeto carrega um débito técnico: questões de segurança, escalabilidade, manutenção e confiabilidade que, se ignoradas, geram riscos no futuro.

É justamente nesse ponto que o conhecimento técnico faz a diferença — e é por isso que estudar programação continua sendo essencial.

Vejo muitos empreendedores criando produtos e até SaaS inteiros com ajuda de IA. Pela minha experiência, o futuro tende a seguir dois caminhos principais.

O primeiro é que muitos desses produtos vão crescer e, com o tempo, acumular débito técnico, exigindo profissionais qualificados para manter e evoluir o sistema.

O segundo é que, mesmo com IA disponível, muitas pessoas simplesmente não querem aprender a lidar com ela em nível técnico e preferem contratar um profissional para fazer isso por elas.

Pense em empresas como Mercado Livre, Uber, iFood, Microsoft ou Google. Apesar de utilizarem inteligência artificial em larga escala, você realmente acha que elas dariam total autonomia à IA para gerenciar seus negócios?

É um cenário parecido com o que aconteceu quando surgiram o Cifra Club ou o Duolingo: na época, muitos acreditavam que professores de música ou idiomas deixariam de ser necessários — o que claramente não aconteceu.

A tecnologia muda, as ferramentas evoluem, mas a necessidade de pessoas capazes de pensar, decidir e assumir responsabilidade continua.

Por isso, se você está começando e sente medo por causa da IA, saiba: a área ainda precisa de desenvolvedores — talvez mais preparados, mas não menos humanos.